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terça-feira, 21 de maio de 2013

SOBERBA ESCURIDÃO - BLOGUE ILLUSIONARY PLEASURE

"Review rápida, indolor e sucinta - isso era o que vocês queriam! O mais engraçado é que hoje encontro-me extremamente bem disposta! Tive uma regência sobre direitos das mulheres afegãs, o seminário com a orientador correu bem, não fui à aula de Alemão I, devido ao cansaço, tive bateria no e-reader para ouvir música e ainda consegui chegar cedinho a casa! Estou quase a vomitar arco-íris e a pensar que a vida é bela. Bem, pensam vocês, hoje a vítima vai ser pouco cascada! Ah isso queriam vocês! Na verdade a leitura do livro meteu-me pior que estragada (começamos bem). Há uma coisa que me mete fora do sério: livros que são a porra de cópias de livros estrangeiros. No mundo de hoje, em que a criatividade é algo limitado, se não vamos meter cá para fora nada de novo, mais vale estarmos quietinhos. "Soberba Escuridão" foi-me cedido pela autora (Danke, Danke) até porque estou em retenção de custos (os livros não me aquecem o corpinho no Inverno e consegui numa troca de dois livros que estavam a empastelar a minha estante, trocá-los por dois.

O problema do livro é que é uma espécie de Hush-hush meets Twilight em Braga. A história não é nada de novo, nem nada de especial... pensando bem: não há história. Girl meets boy, boy é lindo e todo bom e tal, gaja é normal e assim meia nerd. O gajo para variar é todo bad boy e tal e o livro é todo em torno disso, ela a namorar com ele e a acontecerem coisas esquisitas. The End. Fico piurça quando vejo uma história que podia ser espectacular e bem aproveitada, tornar-se um "copy/ paste" da literatura anglo-americana. A personagem principal tem demasiado tempo de antena e o Caael é muito reduzido. Aliás, ele só está lá para ser bonito, fófinho e chamar a gaja de "Estrela" (a sério que foleirice, se um demónio me tratasse por estrela, levava-me uma chapada para ganhar tomates). Até porque supostamente o gajo é todo bad boy e cruel e tal, mas quando está com a Carla (uma toininha que parece brain dead) é todo querido e cavalheiro e misterioso. Os standards das mulheres hoje em dia estão so wrong... sou eu a única a preferir um homem seja ele gordo ou magro, com dois neurónios? Porque é que nestes livros as gajas têm de gostar sempre dos gajos só porque são lindos de morrer e misteriosos? Gente, na vida real um homem misterioso quanto muito saca-vos os rins, não vai para a cama com as meninas e tornam-se os namorados ideais super românticos...

Quanto às personagens secundárias: salva-se a Ana que é mais ou menos real, mas para variar tem de haver a porra da influência americana. Eu andei num liceu aqui em Portugal, na pública e garanto que a ideia de haver as meninas populares, todas giras, fúteis burras que nem porta não existe! Sim o high-school é uma bosta, completamente normal onde pode haver drama queens, mas a sério escritores jovens parem de imitar o americano. Lá porque eles são parvinhos lá, não quer dizer que os portugueses sejam assim. Quanto à personagem do Miguel: que inutilidade de personagem. Está lá só para ser rejeitado pela Carla e servir de vítima, de resto tanto ele como o Daniel são figurantes de 2º categoria. Aliás as personagens secundárias têm muito pouco peso, roda quase tudo à volta da Carla e do Caeel, o resto do pessoal só serve para fazer conversa e quando começam a ter um peso na narrativa, esta acaba.

O pacing da narrativa é demasiado acelerado. Embora supostamente este seja o primeiro de uma trilogia, penso que essa necessidade teria sido evitada, se o livro contasse com o dobro das páginas. Normalmente não sou apologista de livros grande, contudo estas 250 páginas são aldrabadinhas. O livro tem formato A5, com TNR tamanho 12, portanto havia mais que espaço para fazer uma edição bem maior, com mais informação, pacing mais bem desenvolvido e menos trapalhão. O livro também teria ganho com muitas críticas de especialistas. Agora não estou a gozar, nota-se erros de construção da narrativa que não aconteceriam se os livros tivessem sido lidos por alguém que entendesse de literatura. Principalmente pelo facto de este ser o primeiro livro, existe uma tendência muito grande para haver falhas parvinhas que podem ser superadas com um par de olhos especializado.

Resumindo:
  • Narrativa: história mal aproveitada, ritmo acelerado e pouco original;
  • Personagens: clichés (tirando a Ana) e mal balançadas (ao menos têm nomes portugueses!);
  • Linguagem: desequilibrada - não me convençam que os jovens não dizem asneiras. É que nem um fodasse! E ainda dizem "indaguei". O lado positivo do livro é que alguns diálogos estão muito bem conseguidos e soam mesmo a um diálogo (yey!). Outra coisa: caps lock num livro - big no-no! Parece tão infantil e desnecessário...
  • Elementos de fantasia: Podemos considerar este livro low-fantasy, mas low quase debaixo da terra! Eu nem sei porque raios é que o Caeel é um demónio e porque aparecem os vampiros no meio. Os elementos são muito mal explorados e ele só diz "Olha sou um anjinho mau" aí é que nó vemos "Ai isto é fantasia?";
  • Influências anglo-americanas: Hush, hush meets Twilight num bar de True Blood... Melhor descrição não há. Braga foi muito mal aproveitada, a cidade é tão bonita, mas tudo foi condensado nas acções das personagens, que a cidade e a sua beleza ficou para trás. Demasiado Bragashopping e eu que acho o centro da cidade um dos mais bonitos de Portugal, podia ser mais aproveitado. Estas influências notaram-se de igual modo em algumas construções sintácticas típicas inglesas e também nota-se que a autora lê traduções.

Agora por extenso, em tom de conclusão: um livro que teria provavelmente mais sucesso se tivesse esperado na gaveta mais um ano (não digo mais) e se contasse com um olhar crítico (ás vezes o que nos escapa enquanto autores é tão óbvio que nem notamos). Para quem gosta de fantasia se calhar até vai querer a minha cabeça numa bandeja (que seja de prata ao menos), mas encaro esta meia-hora como algo de positivo para o autor, que agora que levou comigo em cima, vai pensar sempre duas vezes antes de escrever algo de novo."

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